A concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, que
superou pela primeira vez a marca de 400 partes por milhão (ppm) na última
semana, deixa o planeta em uma "zona de perigo", advertiu nesta
segunda-feira (13) a secretária-executiva para o clima das Nações Unidas,
Christiana Figueres.
- "Com 400 ppm de CO2 na atmosfera, superamos o limite
histórico e entramos em uma zona de perigo", afirma Figueres, citada em um
comunicado divulgado em Bonn, na Alemanha, sede da Convenção Quadro das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês)
- "O mundo tem que acordar e perceber o que isto
significa para a segurança dos seres humanos, para seu bem-estar e seu
desenvolvimento econômico", completa Figueres, que destacou também que
"ainda existe uma oportunidade para evitar os piores efeitos da mudança
climática" e fez um pedido à comunidade internacional para dar uma
"resposta política capaz de enfrentar este desafio".
Ela lembrou também da rodada de negociação climática entre
os países, que deve ocorrer no fim do ano na Polônia, que terá como foco a
construção de um novo plano global para conter as altas taxas de CO2 na
atmosfera.
O novo tratado (ou protocolo) está previsto para ser assinado
em 2015 e entrar em vigor a partir de 2020 – tempo de espera considerado longo
por nações vulneráveis para assumir compromissos mais firmes. Ele substituirá o
Protocolo de Kyoto, único acordo já ativo pelo qual parte dos países ricos se
compromete a reduzir seus gases estufa.
Emissões descontroladas
Relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) divulgado
no ano passado alertou que, mesmo se até 2020 os países aplicarem políticas
públicas que ajudem a reduzir a emissão de gases de efeito estufa, o limite
máximo proposto pelos cientistas para aquela data terá sido ultrapassado.
De acordo com o relatório “A lacuna das emissões”, em tradução livre do inglês,
mesmo que todos os países cumpram nos próximos oito anos o que foi prometido em
acordos climáticos firmados em conferências da ONU, eles ainda emitiriam 8
bilhões de toneladas (gigatoneladas) de gases a mais que o limite proposto para
2020.
O teto de emissões fixado por cientistas para 2020 é de 44 gigatoneladas de CO2
equivalente (medida que soma a concentração de dióxido de carbono, metano,
óxido nitroso e outros gases).
No entanto, há um cenário pior, caso nada seja feito. Se nos
próximos oito anos nenhum governo cumprir o que prometeu e as políticas verdes
deixarem de ser vistas como prioridade - acrescentando ainda o desenvolvimento
econômico previsto para o período, as emissões de gases ultrapassariam em 14
gigatoneladas o limite calculado pelos cientistas.
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